Saiba como funciona a guarda alternada, suas vantagens e desafios, e as considerações legais no Brasil. Entenda se esse modelo é ideal para sua família.
Introdução
Com o início de um novo ano, muitas famílias passam por momentos de ajustes e reorganização, especialmente após mudanças importantes, como um divórcio.
Nesses casos, a definição sobre a guarda dos filhos costuma ser uma das principais preocupações. Para aliviar um pouco esse momento e trazer mais clareza, elaboramos esse texto para falar especificamente sobre a guarda alternada.
Essa modalidade tem se tornado uma opção considerada por alguns pais, principalmente por permitir uma divisão mais equilibrada do tempo de convivência com as crianças.
Entretanto, é importante destacar que essa opção, embora não esteja prevista diretamente na legislação brasileira, é uma prática que pode ser adotada em determinadas situações.
Por isso, neste artigo, explicaremos de maneira simples o que é a guarda alternada, como ela funciona e quais são seus principais benefícios e desafios.
Assim, esperamos ajudá-lo a entender se essa modalidade é adequada para sua família.
2. O que é a guarda alternada
De maneira geral, a guarda alternada é um modelo de convivência na qual a criança divide seu tempo de forma equilibrada entre os pais. Isto é, alternando períodos de residência.
Por exemplo, pode ser acordado que a criança passe uma semana na casa da mãe e, na semana seguinte, na casa do pai. Essa alternância ocorre, sobretudo, em outros intervalos de tempo, pois depende do combinado entre os genitores ou definido judicialmente.
Além disso, é importante entender que, na guarda alternada, o genitor que está com a criança no período acordado exerce o poder familiar de forma exclusiva, ou seja, toma as decisões do dia a dia relacionadas à rotina da criança.
Contudo, esse modelo exige bastante organização e comunicação entre os pais. É fato que as mudanças constantes de ambiente e rotina impactam diretamente o bem-estar e a estabilidade emocional da criança.
Diálogo e convivência saudáveis
Por outro lado, essa modalidade de guarda costuma ser adotada quando os pais conseguem manter um diálogo saudável e priorizam o equilíbrio na convivência com os filhos.
Dessa forma, é possível garantir que a criança tenha tempo de qualidade com ambos, desde que suas necessidades emocionais e práticas sejam respeitadas.
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Diferenças entre guarda alternada e guarda compartilhada
É importante entender as principais diferenças entre dois modelos de guarda muito discutidos: a guarda alternada e a guarda compartilhada.
Embora ambos busquem garantir o direito da criança de manter uma convivência próxima com os pais, existem características distintas que impactam diretamente o dia a dia da criança e a dinâmica familiar.
Guarda compartilhada
Na guarda compartilhada, os pais dividem as responsabilidades e as decisões sobre a vida da criança, independentemente de onde ela reside.
Isso significa que, mesmo que a criança more em um dos lares, os genitores continuam a tomar decisões conjuntas sobre questões importantes, como educação, saúde e atividades diárias.
O principal objetivo desse modelo é, sobretudo, promover a participação igualitária dos pais, sem que haja uma divisão rígida entre os tempos de convivência.
A guarda compartilhada, portanto, busca garantir que os dois pais estejam igualmente envolvidos na criação e desenvolvimento da criança.
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Guarda alternada
Já a guarda alternada é um pouco diferente. Nesse modelo, a criança passa períodos alternados de tempo com os dois pais, o que significa semanas ou até meses de convivência com ambos de forma alternada.
No entanto, além da divisão do tempo, a guarda alternada permite que cada pai tome decisões de forma exclusiva durante o período em que a criança está sob sua guarda.
Portanto, a guarda compartilhada visa a igualdade de participação dos pais, independentemente de onde a criança more. Enquanto a guarda alternada enfatiza a divisão do tempo e das responsabilidades, o que muitas vezes traz mais complexidade à vida familiar.
Os dois modelos têm como objetivo principal o bem-estar da criança, mas é fundamental avaliar qual se encaixa melhor nas circunstâncias de cada família.
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Vantagens da guarda alternada
A guarda alternada, quando bem implementada, traz diversos benefícios tanto para a criança quanto para os pais.
Um dos principais pontos positivos desse modelo é que ele proporciona uma convivência equilibrada com os pais, pois permite que a criança mantenha laços afetivos fortes com cada um deles.
Esse convívio próximo com os dois genitores ajuda a criança a se sentir amada e apoiada por ambos, o que é essencial para o seu desenvolvimento emocional.
Além disso, a guarda alternada permite que a criança vivencie diferentes ambientes e rotinas, o que se transforma muitas vezes em uma oportunidade valiosa para ampliar sua adaptabilidade e resiliência.
Redução do sentimento de perda ou abandono
Outro benefício significativo é que a guarda alternada contribui para redução dos sentimentos de perda ou afastamento em relação a um dos genitores após a separação.
Com a guarda alternada, a sensação de afastamento é minimizada, pois os pais participam ativamente da vida da criança, o que contribui para o fortalecimento da relação familiar e o bem-estar emocional da criança.
Portanto, a guarda alternada, quando bem-sucedida, oferece vantagens importantes, como a manutenção de uma relação estreita com os pais, o desenvolvimento da adaptabilidade da criança e a redução do impacto emocional da separação.
No entanto, para que esses benefícios sejam alcançados, é essencial que os pais mantenham uma boa comunicação e cooperem entre si.
Desvantagens e desafios da guarda alternada
Mesmo com algumas vantagens, a guarda alternada traz muitos desafios para os pais e impactos para a vida da criança.
Embora a guarda alternada ofereça vantagens importantes, também existem desvantagens e desafios que não devem ser ignorados. Um dos principais problemas é a possibilidade de instabilidade emocional para a criança.
Sobretudo, a constante mudança de residências e rotinas geram insegurança e dificuldades emocionais.
Há relatos em que a criança sente que sua vida está em constante transição, e isso então, afeta seu senso de estabilidade e segurança.
Desta forma, a adaptação a diferentes ambientes é muitas vezes desafiadora, especialmente para crianças mais novas ou aquelas que já têm dificuldades em lidar com mudanças frequentes.
Falta de consistência
Outro desafio importante da guarda alternada é o risco de falta de consistência na educação e disciplina.
Se os pais não mantiverem uma comunicação clara entre si, as abordagens sobre questões como disciplina, hábitos diários e responsabilidades podem ser diferentes em cada casa.
Isso certamente cria confusão para a criança. Como consequência, faz com que ela se senta perdida ao tentar compreender qual regra deve seguir.
Além disso, se os pais não conseguirem alinhar suas práticas educacionais, isso prejudica a formação de uma base sólida e consistente para o desenvolvimento da criança.
Situações de conflitos entre os pais
A guarda alternada também é inadequada em situações de conflito intenso entre os genitores. Quando há discórdias e desentendimentos frequentes entre os pais, esse modelo piora a situação, pois afeta negativamente o bem-estar da criança.
Diante deste cenário, os pequenos se veem no meio de disputas, fator, que segundo psicólogos, causa angústia e estresse.
Nesses casos, o modelo de guarda alternada torna-se então, mais prejudicial do que benéfico, pois a falta de colaboração entre os pais sobrecarrega emocionalmente a criança.
Portanto, apesar de suas vantagens, a guarda alternada apresenta desvantagens consideráveis.
A instabilidade emocional, a falta de consistência na educação e acima de tudo, a dificuldade em situações de conflito entre os pais são fatores que devem ser cuidadosamente avaliados.
Embora a intenção seja que a criança tenha uma convivência equilibrada com ambos os pais, a alternância constante cria desafios para manter uma rotina estável e harmoniosa, especialmente se não houver uma boa comunicação entre os pais.
Guarda alternada e os impactos psicológicos na criança
Quando se trata do bem-estar psicológico da criança, a guarda alternada traz tanto benefícios quanto desafios, dependendo de como é implementada.
Estudos apontam que, em alguns casos, essa modalidade gera confusões psicológicas e instabilidade emocional. Isso ocorre principalmente quando os pais não mantêm uma coordenação harmoniosa em relação às responsabilidades e regras.
A criança então, ao transitar entre dois lares com dinâmicas diferentes, muitas vezes se sente perdida e sobrecarregada emocionalmente, o que afeta diretamente seu desenvolvimento.
Além disso, a necessidade de adaptação constante a diferentes ambientes e regras impacta negativamente o senso de segurança e estabilidade da criança.
Ambiente previsível impacta no equilíbrio emocional
Para muitos pequenos, um ambiente familiar previsível e consistente é essencial para o seu equilíbrio emocional.
Contudo, a guarda alternada, quando mal gerida, acaba criando um cenário de incerteza, no qual a criança não consegue estabelecer uma base sólida de rotina e pertencimento.
Cada criança é única!
É importante lembrar que cada criança reage de maneira única às mudanças. Fatores como idade, personalidade e o grau de colaboração entre os pais tem função significativa nos impactos psicológicos.
Por exemplo, crianças mais jovens podem ter mais dificuldade em compreender e se ajustar às mudanças frequentes. Enquanto adolescentes expressam sentimentos de frustração ou alienação se sentirem que suas necessidades emocionais não estão sendo atendidas.
Portanto, para minimizar esses impactos, é fundamental que os pais se esforcem para criar um ambiente de transição que priorize acima de tudo, o bem-estar emocional da criança.
Importância do apoio psicológico
Oferecer apoio psicológico, estabelecer rotinas claras e garantir que a criança tenha voz no processo são medidas importantes para minimizar os desafios associados à guarda alternada.
Afinal, o principal objetivo deve ser sempre promover o equilíbrio emocional e o desenvolvimento saudável da criança.
Considerações legais no Brasil sobre a guarda alternada
Apesar de ser adotada por muitos pais em situações de separação, a guarda alternada não possui previsão legal explícita no Código Civil brasileiro.
O que a legislação de fato reconhece são dois modelos de guarda: a guarda unilateral e a guarda compartilhada.
Na guarda compartilhada, como vimos anteriormente, os pais dividem as responsabilidades e decisões sobre a criança, independentemente de onde ela reside, buscando garantir a participação de ambos no cotidiano da criança.
Entretanto, mesmo sem uma regulamentação específica, a guarda alternada tem sido adotada em algumas decisões judiciais. Isso ocorre porque o princípio que norteia qualquer decisão relacionada à guarda de crianças no Brasil é o melhor interesse da criança.
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Será que os tribunais aceitam a guarda alternada?
Se os pais conseguem mostrar que a guarda alternada atende às necessidades emocionais, físicas e sociais do filho, essa modalidade pode ser considerada.
Além disso, é fundamental que eles demonstrem ter capacidade de comunicação e cooperação. Quando esses critérios são atendidos, os tribunais aceitam a guarda alternada como uma solução válida.
Cabe ressaltar também, que a adoção da guarda alternada depende do consenso entre os pais ou de uma análise judicial detalhada.
Os juízes avaliam fatores como a proximidade geográfica entre as residências, a qualidade do relacionamento entre os genitores e a idade e maturidade da criança para lidar com a alternância.
Recomendações para pais considerando a guarda alternada
Antes de optar pela guarda alternada, é importante que os pais avaliem se conseguem manter uma comunicação amigável e uma cooperação constante.
Esse modelo exige, acima de tudo, um nível elevado de diálogo e respeito mútuo entre os genitores para que as decisões e rotinas da criança sejam consistentes.
Contudo, é importante levar em conta a personalidade, idade e necessidades específicas da criança. Nem todas as crianças se adaptam bem à alternância de residências, especialmente as mais novas ou aquelas que precisam de maior estabilidade emocional e física.
Outro ponto crucial é buscar orientação jurídica e psicológica antes de tomar qualquer decisão. Consultar profissionais especializados ajuda os pais a entenderem os aspectos legais e emocionais envolvidos, garantindo que a escolha seja feita de forma informada e que priorize o bem-estar da criança em todas as circunstâncias.
Conclusão
Por fim, esperamos ter contribuído para explicar sobre todas as nuances que envolvem a guarda alternada. Ela é uma opção viável em contextos específicos, desde que priorize o bem-estar e o desenvolvimento saudável da criança.
Mas, para que isso ocorra, é fundamental que os pais considerem todas as particularidades da família e tomem decisões baseadas no melhor interesse do filho.
Lembre-se:
Garantir a estabilidade emocional e a segurança da criança deve estar no centro de qualquer escolha relacionada à guarda.
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