A separação de um casal é um momento difícil, mesmo quando há consenso sobre a decisão. Se para os adultos o processo é complicado, imagine para os filhos. Neste contexto de divórcio e filhos, pelo menos a metade dos casais que se divorciam no Brasil tem um filho, segundo dados do IBGE.
Mas, apesar de ser um grande desafio, é possível passar por este processo sem traumatizar os pequenos. Este conteúdo tem o propósito de orientar os casais nesses casos. Vamos abordar alguns aspectos importantes, incluindo os perigos a que as crianças ficam expostas quando não conseguem digerir de forma adequada a decisão dos pais. Boa leitura!
Divórcio X Filhos
O divórcio é um processo delicado. Tudo começa no momento em que a decisão de separação é comunicada aos filhos. O ideal é que os pais conversem muito antes sobre quando e como compartilharão a nova realidade da família.
Ao contar que irão se divorciar, os pais precisam deixar claro que a relação deles com os filhos continuará a mesma detalhando todas as situações que a novidade provocará em suas vidas. É preciso que a conversa seja sincera, e especialmente que os pais ouçam seus filhos e respondam a todos os questionamentos com franqueza e respeito para que o abalo emocional seja o menor possível.
É importante destacar que há um misto de sentimentos e um turbilhão de dúvidas na cabeça das crianças. Cada criança reage de maneira única à separação entre seus responsáveis, no entanto, é possível perceber um comportamento padrão dependendo da faixa etária em que a criança se encontra. Timidez, rejeição, sentimento de culpa e tristeza são alguns dos sentimentos que podem acabar aflorando nos filhos durante todo processo de divórcio.
Portanto, é de responsabilidade dos pais saber conduzir todo o estresse que o processo pode causar, sendo necessária uma condução sutil para que a nova realidade da família possa ser definida. Relacionamentos chegam ao fim, mas os filhos são para sempre.

Possíveis sintomas sentimentais de cada criança por faixa etária
Os filhos, dependendo da idade, da maturidade, suas singularidades e compreensões, bem como a faixa etária de cada criança e adolescente pode absorver uma carga muito grande de estresse no processo de divórcio dos pais. É importante estar atento e preparado para lidar com cada uma delas. Isso é muito sério. Veja alguns exemplos:
Divórcio na gravidez:
Se a separação ocorre durante a gravidez ou durante os primeiros meses de vida, é provável que a criança se veja afetada pelo estado de ânimo da mãe e, portanto, possa nascer com pouco peso ou com atraso no desenvolvimento cognitivo e emotivo.
Filhos com idades entre um e três anos:
Na época da separação, é provável, que a criança torne-se muito tímida, comporte-se como uma criança menor que sua idade afetiva, requeira muito mais atenção e tenha pesadelos noturnos.
Divórcio com filhos entre dois e seis anos:
A criança não entende ainda o que é um divórcio, mas ao notar que um dos membros do casal não dorme em casa, é provável que pense que é por sua culpa, e reaja de formas opostas. Pode ser que ele fique muito obediente acreditando que se for “bom”, o papai voltará ou também muito mais agressivo ou rebelde, como era de se esperar quanto ao seu caráter. Nesta idade, alguns dos pequenos negam a separação tanto a si mesmos quanto aos demais, como colegas, amiguinhos, parentes e etc.
As crianças sofrem um grande temor de serem abandonadas, junto com uma profunda sensação de perda e de tristeza. Podem sofrer transtornos do sono, de alimentação, e adotar condutas regressivas.
Divórcio com filhos entre seis e nove anos:
Geralmente nesta faixa etária aparecem sentimentos de rejeição, fantasias de reconciliação e os problemas de atitude. É possível que as crianças experimentem raiva, tristeza e nostalgia pelo pai que se foi. Nos casos em que os cônjuges tenham tido conflitos graves, alguns filhos podem viver uma luta entre seus afetos pelos pais e pela mãe. Outras vezes, se descuidam no aspecto material, obrigando-os a prepararem a comida, a vigiar os irmãos menores e assumam responsabilidades muito pesadas para sua idade.
Divórcio com filhos entre nove e 12 anos:
Os filhos podem manifestar sentimentos de vergonha pelo comportamento dos seus pais, e cólera ou raiva pelo que tomou a decisão de se separar. Além disso, aparecem tentativas de reconciliar os pais, o descontrole dos hábitos adquiridos e problemas somáticos como dores de cabeça, estômago, entre outros sintomas.
Divórcio com filhos adolescentes entre 13 e 18 anos:
Normalmente nesta fase a separação dos pais causará problemas éticos, e provocará, portanto, fortes conflitos entre a necessidade de amar o pai e a mãe e a desaprovação de sua conduta. Em geral, as reações mais comuns nesta etapa envolvem o amadurecimento acelerado, ou seja, o adolescente adota o pai progenitor ausente, aceitando suas responsabilidades ou poderá adotar uma conduta antissocial não acatando, nem aceitando normas, além de desobediência, e até condutas mais sérias e graves como roubo, consumo de álcool, drogas, mutilações, entre outras.

Compreensão e aceitação – Divórcio e filhos
Até assimilar todas as mudanças, compreender e aceitar leva um tempo, é natural. Manter o diálogo aberto e verdadeiro, garantir todo suporte emocional, evitar brigas, falar mal um do outro, mudanças bruscas e, especialmente, dedicar o máximo de tempo possível aos filhos para que eles sintam que apesar da separação do casal, o amor e a dedicação tanto do pai quanto da mãe para com eles seguirá firme e forte. Isso ajudará grandemente antes, durante e após o divórcio.
É importante destacar ainda que a maioria dos filhos supera a crise familiar provocada pelo divórcio dos pais quando os cônjuges contribuem positivamente no processo. Além disso, a diversidade de experiências que vivem as crianças após a separação, as torna muito mais fortes, seguras e felizes.
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