A Síndrome do Esgotamento Profissional, também conhecida como Burnout surgiu com o aumento das responsabilidades, pressão e as exigências do novo século. Em determinados campos de atuação profissional há índices elevadíssimos de Burnout, como é o caso de policiais, professores, vendedores, jornalistas, entre outros.
Poderíamos aqui destacar esses números, porém, esse tipo de informação é facilmente encontrado na internet. O que precisa ser dito, compartilhado é que esta sorrateira patologia é grave e não faz distinção de quem será a próxima vítima. Por isso, resolvemos aprofundar a difícil jornada do Burnout mostrando quanto severa e cruel ela pode ser contando uma história real.
O relato da difícil jornada do Burnout
Qualquer profissional dedicado e comprometido com sua profissão pode chegar ao esgotamento ocupacional e desenvolver o esgotamento profissional.
Basta trabalhar excessivamente e vivenciar graus elevados de estresse nessa rotina até mesmo quem tem a missão de tratar, aliviar a sobrecarga emocional, cuidar da saúde mental de seus pacientes. Quem, na teoria, está preparado, blindado contra este tipo de armadilha.
A terapeuta Lauren Severo é testemunha disso. Em determinado momento de sua vida, se viu enredada pelas tramas ardilosas da síndrome. Seu relato é forte e triste, mas, por outro lado, chega como um grande alerta para todos nós. “Compreendido o conceito-chave que tira o sono e a sanidade mental dos trabalhadores mais comprometidos, frequentemente pensamos que isso nunca ocorrerá conosco”, comenta.
Normalmente um profissional da saúde, especialista no trato emocional, se sente imune a certos ‘ataques’. “Cria-se uma fantasia de que qualquer coisa, perto disso, trará alertas vermelhos tempos antes, nos deixando tranquilos para escolher como agir, como se proteger. Pior que isso, é achar que um terapeuta, psicólogo ou advogado, não passariam por tal situação, dados os requisitos da profissão”.
Rotina, sintomas e um terrível pesadelo na vida real
Essa história real destruirá essas crenças. “Farei isso para seu próprio bem, e sei que já és adulto e maduro suficiente para lidar e aproveitar o meu relato para que não aconteça com você o que aconteceu comigo, ou, pelo menos, para que busque ajuda o quanto antes”.
Durante dez anos atuando como psicóloga numa Universidade Federal, ela perdeu as contas de quantos pacientes com Burnout atendeu. “Antes de realizar uma transição de carreira, vivi na pele os sintomas desse transtorno e quase pequei pelo recurso tardio”.
Responsável por cerca de 40 pacientes, dentre eles, alguns com risco de suicídio, tinha preparo acadêmico e experiência profissional para lidar com pacientes em risco e obter sucesso. “Nunca perdi um paciente para a morte em toda minha carreira”. Porém, quando a instituição anunciou o fechamento da clínica onde trabalhava, por cortes de gastos e a extrema preocupação com as vidas que estavam em suas mãos, esse foi o gatilho para uma insônia, que dava início àquela bola de neve de sintomas que terminaria em Burnout com picos de pressão alta.
Os gatilhos do esgotamento profissional (Burnout)
É, sem dúvida, um terrível pesadelo. “A primeira coisa que você se questiona é sobre sua capacidade ou a falta dela para lidar com questões que recaem sobre seus ombros. De fora, tudo parece simples, mas viver a tortura de estar acompanhada por pensamentos sem fim de que se está num beco sem saída e por mais que pense ou estude não encontra um caminho ou a tão esperada luz no fim do túnel”… lamenta.
O entendimento nesse caso, “nunca é o gatilho o ponto mais importante, e sim, como a pessoa se sente frente a ele”.
Ter os pacientes nas próprias mãos, vidas em risco, até então era perfeitamente passível de resolver, mas não com a corda no pescoço, pondo uma data limite para algo tão subjetivo que é o tempo de cada pessoa para lidar com questões emocionais tão intensas. “Quando tive uma crise de dor no peito e tontura no meio do expediente, fui obrigada a cancelar as consultas do dia e solicitar um atendimento médico imediato”.
A luz no fim do túnel
O impacto pode ser tão devastador a ponto de obrigar a mudar completamente uma vida. “O recurso imediato foi buscar ajuda em uma terapia que profissionalmente eu não poderia oferecer, mas que pessoalmente eu já havia me beneficiado imensamente no momento em que me vi livre de uma enxaqueca crônica que me acompanhou por 18 anos: a Terapia Floral. No entanto, como falei anteriormente, eu tardei em cuidar de mim e, por isso, quase foi insuficiente”.
Por garantia e prudência, a Lauren buscou socorro com um médico que detectou um pico de pressão. “Eu literalmente estava vivendo dentro de uma panela de pressão. O médico me deu uma caixinha de remédios para regular minha pressão e como ele já conhecia o meu histórico de pessoa prudente e responsável, recomendou que eu aferisse a pressão diariamente e, caso atingisse certo nível, eu tomaria a medicação mesmo que fosse chorando. Ele me fez prometer que faria isso, pois sabia quão frustrada e impotente eu estaria me sentindo se precisasse recorrer àquela caixinha”.
Os primeiros passos para a recuperação
A tal “caixinha” a acompanhou por cerca de um mês. “Se manteve fechada e, graças a esses recursos, não tive mais aquela crise”. A solução para seu caso foi aliar três atitudes: Buscar a Terapia Floral de forma profunda e personalizada, auxílio médico e terapêutico. “E, por último, ir à mesa do reitor, explicar a situação de seis pacientes que não teriam a menor condição de receber alta, e ainda solicitar veementemente que ele se responsabilizasse por essas vidas, encaminhando a um colega renomado e garantindo que eles teriam assistência psicológica pelo tempo necessário, afinal de contas eu não poderia absorver esses pacientes como ‘pro bono’ em meu consultório. Mas ele precisava ouvir de um profissional da área, o risco iminente que essas vidas estavam, entregando a ele essa responsabilidade ou encaminhando de forma ética e cabível ao papel de um reitor”.
Foi o primeiro recurso o passo fundamental à libertação de Lauren. “Com toda certeza do mundo, eu não teria sequer traçado o caminho da terceira estratégia se não fosse o primeiro recurso; os florais. Não tínhamos uma cultura nem abertura de buscar uma reunião pessoal e sigilosa com o reitor, tanto que ao telefone ele veio pessoalmente antes de aceitar o agendamento, me pedindo garantia da minha palavra de que eu iria sozinha, visto que ele deveria estar sofrendo também algumas pressões pela atitude emergencial de fechar alguns setores por falta de verba da universidade”.
Transição de carreira
Lauren não mais atua como Psicóloga. “Mas a ética e prudência me acompanham ao passo de eu orientar meus clientes e alunos de Terapia Floral Sistêmica® que, em casos como um Burnout a caminho, busquem recursos diversos e aliados para garantir a saúde mental”.
Esse caso real tem um único objetivo: salvar vidas. “Desejo, caro leitor, que minha história pessoal ajude você a refletir sobre os perigos reais de buscar ajuda tardia. Eu poderia trazer dados estatísticos que você encontraria no Google, ou trazer casos de ex-pacientes de consultório, mantendo sigilo ético, mas nada teria maior peso e relevância do que me colocar à inteira disposição para detalhar o meu caso e salientar a você, se for preciso, em meu direct, que você possa me perguntar e receber a orientação para buscar ajuda no tempo certo e jamais no tempo falho, popularmente conhecido: ‘antes tarde do que nunca’, pois, em se tratando de saúde mental, é fundamental se antecipar um ano do que atrasar um breve minuto”. O tempo, nesses casos, é crucial.
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