Frigorífico é condenado em R$ 1 mi por subnotificação de acidentes e doenças do trabalho

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Entenda a decisão judicial que multou o frigorífico em R$ 1 mi. Veja também como a falta de emissão da CAT para acidentes e doenças do trabalho e como isso impacta os trabalhadores e a empresa.

Introdução 

A subnotificação de acidentes e doenças do trabalho é uma prática ilegal que compromete a segurança dos trabalhadores e sobrecarrega o sistema previdenciário. 

Recentemente, um frigorífico com unidades em Mato Grosso, foi condenado em R$ 1 milhão por não comunicar adequadamente os acidentes de trabalho às autoridades competentes. 

Essa decisão judicial destaca, sobretudo, a gravidade da omissão na comunicação de acidentes de trabalho. Similarmente, reforça a importância da emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)

Sem esse registro, os trabalhadores afetados têm dificuldades para acessar seus direitos previdenciários e trabalhistas, o que agrava ainda mais a situação.

Vamos entender mais sobre o caso. 

O caso: subnotificação de acidentes e doenças do trabalho

O Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso (MPT-MT) moveu uma ação civil pública contra um frigorífico após constatar um quadro generalizado de subnotificação de acidentes e doenças ocupacionais

Segundo a investigação, a empresa não emitiu as CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) e demonstrou resistência a isso, prejudicando diretamente os trabalhadores. Além disso, omitiu informações relevantes para a fiscalização.

A condenação do frigorífico teve origem em uma investigação conduzida pelo Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT). Este por sua vez, identificou um quadro generalizado de subnotificação de acidentes e doenças ocupacionais. 

Durante o processo, ficou comprovado que a empresa não comunicava corretamente às autoridades competentes as ocorrências de acidentes de trabalho. Essa atitude, contraria a legislação vigente e colocando em risco a saúde dos funcionários.

Leia também: Perda de dedo em acidente de trabalho: Dano trabalhista ou previdenciário?

Investigação do Ministério Público do Trabalho (MPT-MT)

O MPT-MT constatou que a empresa deixava de emitir as Comunicações de Acidente de Trabalho (CATs) necessárias. Isso ocorria mesmo quando os trabalhadores precisavam de afastamento ou recebiam benefícios previdenciários decorrentes de acidentes laborais. 

Além disso, foram identificados casos de desligamento irregular de empregados no período de estabilidade garantido pelo artigo 118 da Lei 8.213/91, sem o devido pagamento das verbas rescisórias.

Falta de Emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)

A CAT é um documento essencial para assegurar os direitos dos trabalhadores acidentados ou adoecidos. 

No entanto, a empresa negligenciou essa obrigação, omitindo informações que poderiam auxiliar no diagnóstico e prevenção de riscos ocupacionais. 

Essa prática mascarou a real incidência de doenças e acidentes no ambiente de trabalho. Sem dúvida, dificultando a adoção de medidas corretivas e aumentando a vulnerabilidade dos empregados.

Prejuízos para os trabalhadores afetados – Acidentes e doenças do trabalho

A ausência de emissão da CAT gerou diversos prejuízos para os funcionários. 

Entre os principais estão: 

  • Dificuldade no reconhecimento de direitos trabalhistas, como a garantia provisória de emprego e depósitos do FGTS.
  • Barreiras no acesso aos benefícios previdenciários adequados, como por exemplo, auxílio-doença acidentário e aposentadoria por incapacidade permanente.
  • Falta de monitoramento das condições de trabalho, impedindo a implementação de políticas eficazes de segurança e saúde ocupacional.

Dessa forma, a omissão da empresa não apenas prejudicou os trabalhadores individualmente, mas também impactou o sistema previdenciário e a fiscalização das condições de trabalho, resultando em um ambiente laboral mais inseguro.

Entenda a decisão judicial que multou o frigorífico em R$ 1 mi e como a falta de emissão da CAT para acidentes e doenças do trabalho e como isso impacta os trabalhadores e a empresa.
Frigorífico é condenado por omitir acidentes de trabalho. (Foto: Portal G1 – Ueslei Marcelino/Reuters). 

Decisão judicial e penalidades aplicadas

Após a investigação conduzida pelo Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT-MT), a Justiça do Trabalho proferiu uma decisão que impôs penalidades severas ao frigorífico em questão. 

A sentença reconheceu, sobretudo, a gravidade da subnotificação de acidentes e doenças ocupacionais. Como resultado, condenou a empresa ao pagamento de indenizações e no cumprimento de uma série de obrigações trabalhistas.

Condenação do frigorífico e valores da indenização

Como consequência das irregularidades identificadas, o frigorífico foi condenado ao pagamento de R$ 1 milhão por danos morais coletivos. 

Esse valor foi estipulado levando em consideração não apenas os prejuízos causados aos trabalhadores diretamente afetados, mas também o impacto negativo da conduta da empresa sobre toda a coletividade. 

A Justiça destacou que a omissão na emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) prejudicou os empregados, mas também o sistema de fiscalização e a própria segurança no ambiente de trabalho.

Obrigações impostas à empresa pela Justiça do Trabalho

Além da indenização financeira, a decisão judicial determinou, portanto, que o frigorífico adote uma série de medidas para corrigir as falhas identificadas:

  • Emissão imediata da CAT para todos os casos de acidente de trabalho ou doenças ocupacionais, conforme prevê a legislação.
  • Garantia de estabilidade no emprego para trabalhadores afastados por acidente, respeitando o período mínimo determinado em lei.
  • Implementação de políticas eficazes de prevenção de acidentes, incluindo treinamentos periódicos para os funcionários.
  • Melhoria na fiscalização interna para assegurar o cumprimento das normas de segurança e saúde ocupacional.

Sem dúvida, o descumprimento dessas determinações pode resultar em novas sanções à empresa, reforçando a necessidade de um monitoramento contínuo por parte dos órgãos competentes.

Veja também: Doença Ocupacional ou Doença do Trabalho

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Destinação dos valores da indenização por danos morais coletivos

Este R$ 1 milhão pago pelo frigorífico a título de danos morais coletivos será destinado a projetos e instituições que promovam melhorias nas condições de trabalho e na saúde dos trabalhadores. 

O objetivo é, acima de tudo, assegurar que a indenização tenha um impacto positivo na sociedade, contribuindo para iniciativas de prevenção de acidentes e fortalecimento da fiscalização trabalhista.

Dessa forma, a decisão judicial, além de responsabilizar a empresa por suas condutas irregulares, busca também criar um ambiente mais seguro e justo para todos os trabalhadores.

Importância da CAT em caso de acidentes e doenças do trabalho 

A Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) é um documento essencial no contexto de acidentes e doenças ocupacionais. 

Sua emissão é obrigatória e tem como principal objetivo registrar formalmente qualquer incidente que resulte em lesões ou danos à saúde do trabalhador durante o desempenho de suas funções. 

A saber, a CAT deve ser emitida tanto em casos de acidentes com afastamento quanto em situações de acidentes sem afastamento, e até mesmo em casos de doenças relacionadas ao ambiente de trabalho.

Função da CAT

A CAT é extremamente importante na formalização do acidente, pois serve como prova para o reconhecimento de direitos trabalhistas, previdenciários e de seguro. 

Este documento é a chave para garantir que o trabalhador tenha acesso a benefícios como o auxílio-doença acidentário e a aposentadoria por invalidez acidentária, quando necessário. 

Além disso, é a partir da emissão da CAT que a empresa formaliza a ocorrência junto ao INSS e à Previdência Social, assegurando que o trabalhador tenha todos os seus direitos devidamente garantidos.

Consequências da não emissão da CAT

A falta de emissão da CAT por parte da empresa gera sérios prejuízos para os trabalhadores afetados e a própria empresa.

Sem esse registro formal, o trabalhador tem dificuldades em acessar benefícios essenciais, como o auxílio-doença acidentário e a pensão por morte em casos mais graves. 

Além disso, a empresa pode ser responsabilizada judicialmente, enfrentando ações de natureza trabalhista e penal, conforme exemplificado no caso do frigorífico que estamos analisando.

Proteção ao trabalhador

A CAT, portanto, não apenas formaliza o acidente, mas também protege o trabalhador, garantindo que ele tenha todos os direitos reconhecidos e que sua saúde e segurança sejam priorizadas pela empresa. 

Sem a emissão, o trabalhador fica vulnerável a uma série de dificuldades, desde a negação de benefícios até o agravamento da condição de saúde sem o devido acompanhamento médico e previdenciário.

Saiba mais: Você sofreu um acidente de trabalho? Emita a CAT.

Prevenção e conformidade nos Acidentes e doenças do trabalho

Em síntese, a subnotificação de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais representa um desafio significativo para a segurança e saúde dos trabalhadores, além de comprometer seus direitos. 

O caso analisado ilustra claramente as consequências da omissão das empresas na comunicação adequada desses incidentes, principalmente quando não é emitida a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT).

A decisão judicial e as penalidades aplicadas reforçam a importância da conscientização e da responsabilização das empresas em relação à segurança no ambiente de trabalho.

Portanto, é fundamental que tanto trabalhadores quanto empregadores compreendam a importância da emissão da CAT e a necessidade de um ambiente de trabalho seguro, conforme determina a legislação. 

A negligência nesse aspecto não só prejudica os trabalhadores, mas também expõe as empresas a sérias sanções jurídicas, como as que foram aplicadas ao frigorífico neste caso.

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Fonte: 

Ministério Público do Trabalho 

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