O Setembro Amarelo é uma iniciativa que nos convida a prestar atenção em um assunto delicado, porém muito importante: A prevenção do suicídio e a importância do apoio familiar nessa situação. Esse é um problema de saúde pública que vem crescendo em números alarmantes.
No Brasil, a urgência deste tema ressoa ainda mais alto, especialmente quando observamos os dados sobre o número de vidas perdidas. Este artigo pretende discutir a importância do apoio familiar na prevenção do suicídio e no cuidado da saúde mental. A partir deste ponto, convidamos a psicóloga Sheila Kadzerski, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental para explorar o tema. Boa leitura!
Setembro Amarelo e dados atuais
O Setembro Amarelo é uma campanha de conscientização sobre a prevenção do suicídio, presente no calendário brasileiro desde 2013. O suicídio representa uma importante causa de morte no Brasil e no mundo. Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 700 mil suicídios são registrados globalmente a cada ano. No Brasil, esse número se aproxima de 14 mil casos anuais, o que se traduz em uma média alarmante de 38 pessoas que tiram a própria vida por dia.
Em 2022, o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) em Santa Catarina registrou 926 suicídios, e pessoas do sexo masculino cometeram 77% (718) desses casos. Até 4 de setembro de 2023, o estado notificou 580 suicídios, dos quais pessoas do sexo masculino cometeram 76% (443).
Estes dados ficam mais visíveis quando a campanha está ativa. Mas como utilizar estas informações para fazer algo a mais?
Saúde Mental no ambiente familiar
Diferentes situações na vida podem tornar as pessoas emocionalmente vulneráveis e contribuir para pensamentos suicidas. Sejam problemas financeiros, conflitos sociais e românticos, bem como dilemas familiares, cada um de nós enfrenta desafios que podem impactar nossa saúde mental. Nestas horas, a família serve como nosso pilar e pode desempenhar um papel vital na manutenção da nossa saúde mental.
Por que o apoio familiar é tão importante?
O suporte da família pode fazer a diferença na prevenção ao suicídio, especialmente em momentos de crise emocional. Ter uma rede de apoio familiar fortalecida pode oferecer tanto amparo emocional quanto orientações práticas, ajudando a pessoa vulnerável a encontrar formas mais saudáveis de lidar com seu sofrimento.
Identificando sinais de alerta
Identificar sinais de alerta precoces pode ser o primeiro e crucial passo para prevenir um possível suicídio. Aqui estão alguns sintomas mentais e físicos a serem observados:
- Preocupação com temas mórbidos;
- Sentimentos de desesperança;
- Baixa autoestima;
- Alterações drásticas do humor (irritabilidade, apatia, sofrimento emocional, pessimismo);
- Alterações de apetite (fome excessiva, falta de apetite);
- Distúrbios do sono (insônia, sonolência);
- Isolamento e tristeza profunda e persistente.
Sinais de alerta e fatores de risco
Vários fatores podem aumentar o risco de suicídio, entre eles:
- Histórico de problemas psicológicos ou distúrbios mentais ou se já existiu a tentativa de tirar a própria vida;
- Aumento do consumo de álcool, drogas, tabaco e/ou remédios (calmantes, remédios para dormir e para dor);
- Demonstração de sintomas depressivos praticamente todos os dias há algumas semanas (tristeza, isolamento e desinteresse em fazer coisas que antes fazia, ou apresenta maior irritação, mau humor e pessimismo);
- Sofreu algum tipo de perda, emocional ou financeira, como: falecimento de ente querido, término de relacionamento, perda de emprego, negócios ou dinheiro;
- É portadora de doença grave, incurável ou que cause dores crônicas ou dependência;
- Comportamento impulsivo ou agressivo. Pessoas impulsivas podem cometer suicídio acidentalmente. Por exemplo, acelerando o carro, tomando vários comprimidos de uma vez, etc.
Ações práticas: O que podemos fazer?
Para começar, precisamos fortalecer os laços familiares e encorajar a comunicação aberta. Isso permite a percepção dos sinais de alerta e agir de forma eficaz. É necessário que se abra espaço para conversas sobre suicídio com viés de esclarecimento.
Conscientizando e entendendo que essa atitude pode salvar vidas. É preciso deixar que as pessoas possam falar sobre o sofrimento, e isso, pode trazer alívio e conforto. O acolhimento é uma das ações mais importantes a ser feita após a identificação de sinais de sofrimento.
Seja compreensivo sobre os sentimentos alheios, evite palpites e críticas. Uma vez identificados os sinais, procurar ajuda especializada é o próximo passo fundamental. Terapeutas, psiquiatras e outros profissionais de saúde mental podem oferecer o suporte necessário para enfrentar a situação de forma mais eficaz.
Conclusão – Importância do apoio familiar
O Setembro Amarelo não é apenas um mês no calendário, mas um convite à ação. Ele nos lembra da importância de sermos vigilantes e ativos na prevenção do suicídio e na promoção da saúde mental. A família, neste contexto, pode agir como um salva-vidas, oferecendo o suporte emocional necessário e ajudando na identificação de sinais de risco.
Ao tornar nossos lares lugares de diálogo aberto e apoio mútuo, podemos contribuir significativamente para salvar vidas e melhorar o bem-estar emocional de cada membro da família.
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