O tempo foi tratado como um dado objetivo pelo físico Isaac Newton.
Em contraposição, o filósofo Imannuel Kant o estudou como uma estrutura do espírito, ainda que aprioristicamente.
Aristóteles pensava na perspectiva física e cosmológica, e definia o tempo como movimento.
Santo Agostinho, em oposição à escola aristotélica, focava no aspecto psicológico e trazia o tempo para o plano da alma.
Seja como for, é neste contexto que o idadismo se apresenta para classificar e hierarquizar os indivíduos de maneira a gerar desigualdade no tratamento.
Trata-se de um preconceito baseado na idade dos indivíduos, principalmente – mas não limitado – aos mais velhos.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a intransigência com as pessoas de mais idade, ou mesmo com os mais jovens está situada em três dimensões: estereótipo (pensamentos), preconceito (sentimentos) e discriminação (ações e comportamentos).
Sua manifestação ocorre em três níveis (1) institucional, interpessoal e autodirigido; e conta com dois tipos de representação: (2) explícita (consciente) e (3) implícita (inconsciente).
A discriminação etária está presente em dois âmbitos relevantes: o profissional e o pessoal.
Repetidas vezes os profissionais são discriminados por conta de sua idade, seja pela falta ou excesso de experiência.
Para os mais novos, é rotineira a argumentação de que o cargo exige muita responsabilidade e competências que por sua vez só são adquiridas com a experiência.
Por outro lado, para os mais experientes, é dito que a vaga é destinada a quem esteja disposto a aprender, sem vícios e com capacidade para desenvolver novas competências, especialmente no campo tecnológico.
Passando do aspecto profissional para o social, o idadismo tem maior impacto nos idosos, que por vezes são considerados frágeis, vulneráveis, e até mesmo ultrapassados.
Assim, tudo começa com o chamado idadismo autodirigido, que nada mais é do que os próprios sofredores das injúrias internalizarem os estereótipos dirigidos a eles.
O autojulgamento pode levar uma pessoa jovem a deixar de se candidatar a determinadas vagas por julgar ser muito nova.
E o mesmo ocorre com os indivíduos que desistem de aprender novas habilidades, ou mesmo buscar determinados cargos por considerarem que são velhos demais.
Dentre os inúmeros impactos negativos da discriminação etária o isolamento social e a solidão tem grande impacto na população idosa, acarretando o sentimento de exclusão.
Para tornar o mundo um lugar melhor e mais justo, cabe refletir sobre ações que levem a esse fim, porque seja como for, acredita-se que o passar dos anos entregue muita sabedoria em troca de tudo aquilo que tira de quem já o gastou muito.
O bom e velho caminho do meio, alcançável através de processos seletivos mais inclusivos, anonimizando dados que possam gerar preconceitos com relação à idade por ser útil para combater essa prática discriminatória cada vez mais presente no Brasil.
Gabriel Dal Piaz