Aumento dos acidentes de trabalho: SC registrou quatro acidentes por hora em 2024

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Desde 2023, o Brasil registra um aumento preocupante de acidentes de trabalho. Santa Catarina se destaca com uma taxa alarmante de quatro acidentes por hora em 2024. Entenda as causas, impacto e medidas preventivas.

Introdução 

Acidente de trabalho: esse é um tema que falamos frequentemente aqui, pois entendemos a importância em promover práticas preventivas a partir da conscientização. 

Para destacar o quanto isso é preocupante, em 2024 Santa Catarina registrou quatro acidentes de trabalho por hora. As informações são do Observatório da Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina (Fiesc).

O Brasil registrou quase 3 mil acidentes de trabalho fatais. Os dados são de 2023 do sistema eSocial do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e mostram uma dura realidade.

Diante desse cenário surgem muitas dúvidas: quais são os setores mais acometidos? De quem é a culpa? O que fazer para mitigar os riscos e reduzir esses índices? 

Vamos descobrir juntos, possibilidades neste texto. 

O aumento de acidentes de trabalho no Brasil

Certamente, o Brasil tem enfrentado um aumento alarmante no número de acidentes de trabalho, com dados recentes revelando uma tendência de crescimento que não pode ser ignorada. 

Diversos fatores contribuem para esse cenário, destacando-se a inadequação das condições de trabalho, como ambientes inseguros e a falta de treinamento adequado para os trabalhadores. 

Além disso, a insuficiência de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é um fator crucial que agrava esse quadro. Como resultado, os trabalhadores ficam expostos a riscos consideráveis de lesões graves ou doenças ocupacionais. 

Por outro lado, as empresas também enfrentam sérias consequências, incluindo o risco de sanções financeiras e danos à sua imagem, além de processos judiciais que resultam em custos elevados. 

Contudo, os setores com os maiores índices de acidentes de trabalho graves e fatais são a Construção Civil e o Transporte Rodoviário de Cargas e Passageiros. 

Portanto, é evidente que tanto as empresas quanto os trabalhadores devem estar atentos às melhores práticas de segurança no ambiente de trabalho, a fim de evitar essas consequências graves e garantir a saúde e o bem-estar de todos.

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Santa Catarina: quatro acidentes de trabalho por hora

Santa Catarina continua registrando números alarmantes de acidentes de trabalho. De acordo com dados do Observatório da Fiesc, em 2024 foram contabilizados 37 mil casos, o que equivale a quatro acidentes por hora. 

Embora esse número represente uma redução de 13% em relação ao ano anterior, a preocupação persiste, especialmente em setores como alimentos e bebidas, metalurgia e serviços de saúde.

Organizamos os principais números na tabela abaixo, para uma visualização completa: 

CategoriaNúmero de casos
Acidentes de trabalho registrados37.000
Média de ocorrências por hora4
Óbitos relacionados ao trabalho186
Acidentes típicos (durante a jornada)33.161
Acidentes de trajeto (indo ou voltando do trabalho)25% dos casos
Setor com mais acidentes: Alimentos e bebidas4.555
Fraturas registradas7.320
Cortes, lacerações e ferimentos4.639
Membros superiores afetados8,3% dos casos

Principais setores afetados e impactos

Os setores mais afetados, sobretudo, refletem a diversidade da economia catarinense. 

São eles: o setor de alimentos e bebidas lidera as estatísticas com 4.555 registros, seguido pela metalurgia (4.151) e pelos serviços de saúde (3.395). 

No entanto, o comércio varejista e os serviços administrativos também aparecem entre os mais atingidos.

Além das consequências para os trabalhadores, que enfrentam riscos físicos e psicológicos, as empresas também são impactadas. Acidentes de trabalho geram afastamentos, reduzem a produtividade e aumentam os custos com indenizações e processos judiciais.

Municípios catarinenses com mais acidentes

Joinville lidera o ranking de municípios com mais acidentes de trabalho, registrando mais de 7 mil casos. Outras cidades com altos índices incluem Blumenau, Florianópolis, Itajaí e Chapecó. 

Contudo, o crescimento do número de acidentes em regiões industriais reforça a necessidade de medidas preventivas e maior fiscalização por parte das autoridades.

Tipos de lesões e áreas do corpo mais afetadas

De acordo o Observatório da Fiesc, fraturas, cortes e contusões estão entre as lesões mais comuns. Os membros superiores, incluindo mãos e cabeça, são as áreas mais atingidas. 

Além disso, problemas respiratórios também são recorrentes, especialmente em atividades industriais que envolvem exposição a produtos químicos.

Principais causas dos acidentes de trabalho 

Em todo Brasil, os setores da Construção Civil e do Transporte Rodoviário de Cargas e Passageiros destacam-se por registrar o maior número de acidentes de trabalho com fatalidades e lesões graves.

Na Construção Civil, os acidentes mais frequentes envolvem quedas de altura, soterramentos e choques elétricos, geralmente associados a falhas de segurança em áreas de grande risco.

Já no setor de Transporte Rodoviário de Cargas e Passageiros, os principais fatores são a fadiga dos motoristas — em decorrência de jornadas exaustivas —, os riscos ergonômicos e psicossociais e o uso de medicamentos e substâncias estimulantes para melhorar a produtividade. 

Outras causas incluem a falta de manutenção adequada de caminhões e ônibus e as condições precárias de algumas rodovias.

Frigoríficos 

Levando em consideração os dados de Santa Catarina e as mãos estarem entre os maiores números de membros afetados, precisamos falar também sobre os frigoríficos. 

Nos frigoríficos, um dos acidentes mais comuns envolve a perda de dedos e membros superiores, resultado do manuseio de equipamentos cortantes e de alta pressão. 

Entretanto, a repetitividade dos movimentos, aliada ao ritmo acelerado da produção, aumenta o risco de lesões graves. Além disso, o frio intenso das câmaras frigoríficas reduz a sensibilidade tátil dos trabalhadores, dificultando assim, a percepção de riscos. 

Todavia, a falta de manutenção em máquinas e o uso inadequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) também são fatores determinantes para esses acidentes.

Desde 2023, o Brasil registra um aumento preocupante de acidentes de trabalho. Santa Catarina se destaca com uma taxa alarmante.
Aumento de acidentes de trabalho: Santa Catarina registrou 4 acidentes de trabalho por hora em 2024. (Foto: Banco de Imagens NSC Total). 

Direitos dos trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho

Após o devido socorro médico e, conforme a gravidade do acidente do trabalho, a vítima precisa registrar a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). 

Isso vale também para doenças ocupacionais, levando em consideração os procedimentos estabelecidos pela legislação trabalhista e também as normas de segurança da organização. 

Caso o trabalhador não tenha condições, qualquer pessoa pode registrar a CAT. Depois de avaliado o acidente de trabalho, é dever da empresa informar a Previdência Social, no primeiro dia útil após o ocorrido. 

Saiba mais:

Afastamento pelo INSS 

Dependendo da gravidade do acidente do trabalho, o trabalhador tem benefício do INSS, caso necessite de mais de 15 dias para recuperação e repouso. 

Neste caso, o trabalhador pode receber o auxílio-doença acidentário ou benefício por incapacidade temporária. O trabalhador pode ter direito a 91% do salário, limitado a 10 salários mínimos.

Danos Morais e indenizações

Os danos morais e materiais devem ser reivindicados judicialmente, ou seja, é preciso apoio de advogados trabalhistas especializados para solicitar a indenização à justiça. 

FGTS durante o afastamento

Mesmo com o afastamento devido ao acidente de trabalho, o trabalhador tem direito de manter o FGTS normalmente, ou seja, a organização tem o dever de recolher o benefício, para que não haja prejuízos na hora de pedir a aposentadoria.

Estabilidade no emprego 

Quem sofre acidente de trabalho não precisa se preocupar com demissões por conta disso. É direito do trabalhador ser protegido contra a demissão sem justa causa.

Por outro lado, se o trabalhador quiser sair da empresa após o acidente de trabalho sem pedir demissão, também pode fazer, porém precisará da ajuda de um advogado especialista. 

Reembolso de gastos com tratamento 

Se for comprovado que o trabalhador sofreu o acidente de trabalho por culpa da empresa, o tratamento deverá ser custeado por ela. Vale ressaltar, que cada caso tem as suas particularidades que serão avaliadas seguindo a legislação. 

Dica importante: guarde todos os comprovantes dos gastos com medicamentos, exames, consultas, etc. 

Pensão mensal vitalícia

Quem é vítima de acidente de trabalho e tem incapacidade permanente confirmada, pode requerer pensão vitalícia mensal para o resto da vida. Neste caso, consulte um advogado especializado.

Auxílio-acidente

Outro direito do trabalhador em caso de incapacidade permanente é o auxílio-acidente. O valor do benefício será proporcional ao dano causado. 

Aposentadoria por invalidez 

Caso o acidente de trabalho deixe a pessoa incapacitada de exercer qualquer função, também pode requerer a aposentadoria por invalidez. Tudo isso, é claro, mediante perícia e avaliações.

Fique ligado! 

É muito importante, em todas as situações, consultar um advogado trabalhista que orientará qual a medida cabível e mais adequada para você. 

Esperamos que isso jamais aconteça, mas se ocorrer siga as orientações para que haja evidências que comprovem o acidente de trabalho.

Sobretudo, a caracterização de um acidente de trabalho é relevante não apenas para garantir que o trabalhador receba tratamento médico adequado e os seus benefícios, mas também para que a empresa possa tomar medidas preventivas visando à segurança e à saúde dos trabalhadores.  

Prevenção e conscientização para reduzir os acidentes de trabalho

Quantas vezes você pensou “isso nunca vai acontecer comigo” e, com essa confiança, se arriscou mais do que deveria?

Essa sensação de invulnerabilidade é bem comum, mas pode levar a decisões perigosas, especialmente no trabalho. 

Quando subestimamos riscos e deixamos de seguir medidas de segurança, estamos, acima de tudo, ignorando que acidentes acontecem até nas tarefas mais simples e rotineiras.

Acima de tudo, valorizar a segurança e agir de forma preventiva são escolhas que fazem a diferença na saúde e na vida. 

Portanto, pequenas ações, como usar um equipamento de proteção individual, seguir as Normas Regulamentadoras (NRs) ou pedir uma orientação antes de operar uma máquina nova, ajudam a evitar consequências sérias. 

Lembre-se sempre: uma atitude responsável e consciente faz toda a diferença.

Comprometimento da empresa e do trabalhador 

A prevenção e a redução dos acidentes de trabalho exigem medidas práticas e comprometidas, tanto da empresa quanto dos próprios trabalhadores. 

Com alguns cuidados, é possível criar um ambiente mais seguro e produtivo para todos. São ações simples de ambos os lados que impactam diretamente na saúde e na segurança do trabalhador e, consequentemente, na saúde da empresa. 

Conclusão – Medidas para redução dos acidentes

Diante desse cenário alarmante, principalmente em Santa Catarina, programas de prevenção vêm sendo implementados. 

A saber, o Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (TRT-SC) mantém iniciativas voltadas à conscientização e redução de riscos, buscando fortalecer a segurança dos trabalhadores. 

Outra iniciativa é a formação de grupos interinstitucionais que também contribui para o monitoramento dos acidentes e o desenvolvimento de ações preventivas.

Ainda que os números tenham apresentado uma leve queda, a realidade dos acidentes de trabalho em Santa Catarina e no Brasil exige atenção contínua.

O cumprimento das normas de segurança, a fiscalização rigorosa e o investimento em treinamentos são fundamentais para garantir um ambiente de trabalho mais seguro para todos.

Cultura Prevencionista 

É fato que o fortalecimento de uma cultura de prevenção, a conscientização e o uso de práticas seguras ajudam a minimizar os riscos. Quando a segurança se torna parte natural da rotina, todos ganham: empresas, trabalhadores e suas famílias.

Previna-se! Não seja a próxima vítima. 

Fonte: 

Blog Dal Piaz Advogados

Ministério do Trabalho e Emprego 

Observatório FIESC

Portal NSC Total  

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