Todos os dias os trabalhadores se levantam para manter a engrenagem principal da sociedade funcionando. Cada um com sua função e responsabilidades deixa seus lares para doar conhecimento, habilidades e aptidões para garantir que roda econômica não pare. O maior motivo da doação de nossos talentos é para garantir o sustento próprio e de nossas famílias. O trabalho consome a maior parte do nosso dia e da nossa vida. E, essa rotina, naturalmente causa desgastes à saúde. Dependendo da função, o ambiente, e as condições em que trabalhamos, nossa ocupação pode ser bastante prejudicial. Por isso, vamos seguir falando sobre perda da visão e audição: doenças do trabalho.
Ambientes impróprios: perda da visão e audição
Ambientes barulhentos, insalubres, ou seja, locais em que o trabalhador fica exposto a agentes perigosos durante a jornada de trabalho por longo tempo e intensidade, sem devidos cuidados para sua proteção, como por exemplo, ruídos e iluminação inadequada são prejudiciais à saúde do trabalhador.
As empresas, de modo geral, têm obrigação de proteger seus funcionários. Para isso, há determinações específicas para cada setor seguir e evitar o máximo possível que seus colaboradores fiquem doentes. O primeiro e mais importante, é disponibilizar os Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs). Além disso, devem capacitar o funcionário e fiscalizar para que ele esteja usando as proteções e da forma correta.
Ainda assim, com o tempo e por descuido, doenças do trabalho, como: perda de visão ou audição podem aparecer.
Paradas de descanso
As empresas precisam se preocupar com a ergonomia e incentivar paradas para descanso em alguns momentos da jornada de trabalho para prevenir doenças ocupacionais, que podem, pouco a pouco, minar consideravelmente a produtividade e a saúde dos colaboradores. As doenças ocupacionais mais comuns acabam sendo a LER e a DORT por serem mais frequentes entre os trabalhadores brasileiros. Ambas são causadas tanto pela postura inadequada no ambiente de trabalho quanto pela repetição de movimentos. Mas existem outros perigos em que o trabalhador é submetido e nem percebe, ou, percebe tarde demais para reverter o dano, a exemplo da perda da visão e audição, que são doenças do trabalho.
Iluminação adequada: cuidados com a visão
Os olhos são sensíveis e podem ficar bastante vulneráveis em alguns ambientes de trabalho. Um ambiente com luz muito intensa ou a má iluminação comprometem a visão. Mas a distribuição incorreta da intensidade luminosa, cor inadequada da luz que dificulta a visão e impacta o estado emocional, mau direcionamento da luz e da sombra, lâmpadas, refletores e demais objetos de iluminação em mau funcionamento, tudo isso fatalmente vai danificar a visão do trabalhador.
A legislação brasileira, pelas normas de ergonomia, a NR 17, estabelece que os locais de trabalho, devem garantir uma iluminação adequada às atividades ali desempenhadas. A iluminação deve ser uniforme e difusa, além de obedecer aos níveis mínimos de iluminância determinados pela NBR 5413. Além disso, a luz deve ser projetada de modo a evitar efeitos prejudiciais, como ofuscamento, reflexos que causem incômodos, sombras e contrastes.
Doenças do trabalho: problemas de visão comuns
Síndrome do olho seco; vista cansada; glaucoma; catarata e presbiopia são algumas das doenças que surgem na visão do trabalhador pelo excesso de trabalho ou são desencadeadas pelo ambiente inadequado para realização das atividades, bem como a falta de EPIs.
Síndrome do olho seco
A síndrome do olho seco decorre da falta de produção ou alteração de algum dos componentes da lágrima. Os sintomas mais comuns são sensação de corpo estranho, queimação e ardor. Eles se manifestam mais intensamente com a exposição à fumaça, ao vento e a leituras prolongadas. Os sintomas podem piorar à tarde ou à noite.
Vista cansada
A vista cansada ou olhos cansados podem estar relacionados com a exposição excessiva em frente a dispositivos digitais, como os computadores, tablets e celulares. Os sintomas mais comuns são a sensação de peso nos olhos, dor de cabeça e visão turva. Esses sinais podem ser intensificados com a privação do sono e o esforço excessivo das vistas. Na maioria das vezes, a vista cansada não é um fenômeno grave, podendo ser tratada, por exemplo, com lentes multifocais.
Glaucoma
O glaucoma é uma doença causada pela elevação da pressão intraocular. Essa tensão nos olhos provoca lesões no nervo óptico, e tem como consequência o comprometimento da visão. Caso a doença não seja tratada corretamente, pode até levar à cegueira. O glaucoma é assintomático no início, mas com o passar do tempo, o campo visual tende a se estreitar de forma progressiva. A doença compromete, primeiramente, a visão periférica (pontos à frente dos olhos e ao redor do campo visual), e a perda visual pode ocorrer em fases mais avançadas do glaucoma.
Presbiopia
A presbiopia é um problema comum do processo natural de envelhecimento e atinge muitas pessoas. Os primeiros sinais começam a partir dos 40 anos. Aparece por conta do desgaste natural dos olhos. Mas quem trabalha durante longas horas em frente ao computador pode sofrer com o problema de maneira antecipada. Alguns sintomas incluem visão turva, ardor e desconforto nos olhos. E a catarata é uma das principais causas de cegueira, sendo um problema caracterizado pela perda de transparência do cristalino — uma lente natural, que propicia o foco da visão em várias distâncias. Com o avanço da idade, as fibras dessa estrutura aumentam de diâmetro e espessura, causando, a princípio, a presbiopia.
Catarata
A catarata é a fase seguinte desse processo — a lente natural, além de ficar menos elástica, torna-se opaca. Aos poucos, a visão fica embaçada, até que a pessoa enxergue apenas luzes e vultos. Os profissionais que trabalham em siderúrgicas, restaurantes e padarias estão mais propensos a desenvolver a catarata, pois o calor intenso pode danificar o cristalino. É essencial, portanto, que protejam os olhos e realizem pequenos intervalos durante a jornada de trabalho, para que o globo ocular se recupere.
Perda auditiva: como prevenir
Outra doença ocupacional frequente é a perda auditiva que pode ser total ou parcial, de acordo com a exposição do trabalhador a ruídos e sua constância. Um dos grandes problemas, nesse caso, é que ela ocorre lentamente e pode começar de forma imperceptível. Por isso, além do uso de EPIs, os colaboradores devem passar por exames preventivos periódicos. Com esse acompanhamento, será mais fácil evitar um dano irreversível.
A Norma Regulamentadora nº 07 (NR-07) determina que todos os trabalhadores com exposição a ruídos acima de 85 decibéis devem ser submetidos a exame de audiometria no momento da admissão. O teste deve ser refeito seis meses após a entrada no emprego e depois, anualmente.
Embora o ruído seja o mais evidente, outros agentes ambientais podem diminuir a capacidade auditiva do empregado, como solventes, vibrações e calor. O risco de sofrer perda auditiva aumenta quando esses agentes são combinados ao ruído.
Zumbidos, dificuldades de comunicação, intolerância a sons intensos, irritabilidade, isolamento social, dor de cabeça, são alguns dos sintomas do trabalhador que está com problemas de audição.
Conclusão
A visão e a audição são sentidos preciosos. É dever da empresa e um direito do trabalhador preservá-los. O compromisso para isso é de ambos. Trabalhador, conhecendo as regras que protegem sua saúde, é a forma mais eficiente de exigir que seu empregador faça os investimentos necessários para isso. O resultado será, sem dúvida, positivo para empresa e para o trabalhador.
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