O bem-estar e integridade física do trabalhador são pautas importantes e urgentes. Apesar de as empresas cada vez mais priorizarem ações com este propósito, a ocorrência de doenças ocupacionais e do trabalho no Brasil ainda é elevada.
Além de garantir a saúde e segurança do trabalhador, a proteção dos colaboradores das empresas, de forma geral, contribui para a melhoria dos processos internos dos negócios. As doenças ocupacionais e do trabalho são aquelas decorrentes de situações que ocorrem dentro do ambiente e na execução das funções dos trabalhadores, em razão da falta ou do uso inadequado de equipamentos de proteção individual (EPIs), por insalubridade e devido a condições precárias na empresa, entre outras causas. A seguir, vamos conhecer as mais recorrentes.
Conheça o ranking brasileiro das doenças ocupacionais e do trabalho
Nós preparamos uma lista com as dez doenças ocupacionais e do trabalho mais comuns no Brasil. São doenças que atingem trabalhadores dos mais variados setores e segmentos, homens e mulheres, de diferentes idades. Males que prejudicam desde o sistema emocional até o corpo físico.
Vamos detalhar cada uma delas trazendo informações sobre as causas, principais sintomas e também formas de prevenção. Continue lendo este conteúdo, pois ele poderá, inclusive, te ajudar a descobrir se alguma dessas doenças que falaremos a seguir já está afetando a sua saúde e você ainda não tinha se dado conta.
Ansiedade e depressão, burnout, LER/DORT, quedas, choques elétricos, fraturas, contusão e esmagamentos, problemas de coluna, perda auditiva e varizes são as doenças ocupacionais e do trabalho que mais atingem os brasileiros.
Ansiedade e depressão não são iguais, mas ambas são doenças ocupacionais e do trabalho
Quando se fala em doenças ocupacionais e do trabalho, muitas vezes, nos esquecemos de considerar aquelas que surgem por motivos psicológicos, porém, são bastante recorrentes, como os casos de ansiedade e depressão.
Embora em alguns casos elas possam se confundir ou até se manifestar ao mesmo tempo, depressão e ansiedade são doenças diferentes. Cada uma delas têm causas, sintomas e tratamentos específicos. Mas, as duas são transtornos mentais perigosos, e que paralisam o doente.
A ansiedade traz um sentimento que, quando ocasional, é normal do ser humano. Mas quando é frequente e piora ao longo do tempo, atrapalhando a rotina e o bem-estar da pessoa, pode-se concluir que o paciente tem um transtorno de ansiedade. Os sintomas mais comuns são a preocupação excessiva com as situações, pensamentos ansiosos, dificuldade de concentração e de relaxar, irritabilidade e mudanças de humor, dificuldade de dormir, taquicardia, dor ou aperto no peito, falta de ar, agitação e inquietação, desconforto gastrointestinal, transpiração excessiva, dor de cabeça e musculares.
Já a depressão provoca dificuldade de concentração, desinteresse por pessoas e coisas, pensamentos de culpa e baixa autoestima, falta de esperança, alteração de sono ou apetite, falta de energia, pensamentos sobre morte ou suicídio são alguns dos sintomas mais comuns da depressão. Os sintomas variam entre tristeza intensa e incapacitante, visão de si mesmo como inútil, dificuldade de concentração e de tomar decisões, baixa autoestima, visão negativa do futuro, pensamentos suicidas, sentimento de culpa, cansaço profundo ou perda de energia, redução do apetite, dificuldade para dormir, mudança de humor e irritabilidade, entre outros.
Gatilhos dentro do trabalho que podem ser prevenidos
A ansiedade e a depressão entre trabalhadores normalmente são desencadeadas por insatisfação. Elas costumam ser geradas por problemas no ambiente laboral, como falta de reconhecimento, situações de assédio, excesso de trabalho, entre outros motivos. É comum, afetam milhares de trabalhadores todos os dias, mas é possível prevenir com medidas simples e bastante eficazes.
Investimento em boas lideranças, incentivo às boas relações, melhorias na comunicação interna, criação de metas adequadas, implementação de programas de reconhecimento profissional, são algumas das alternativas que tem dado bons resultados. Vale a pena apostar nelas para resguardar a saúde do trabalhador e, consequentemente, da empresa.
Burnout ou síndrome do esgotamento profissional
Burnout também é conhecida como síndrome do esgotamento profissional. Geralmente, o burnout é resultante de situações de tensão e acúmulo de estresse e pode apresentar diferentes sintomas que variam conforme o estágio da doença. Os mais comuns são o cansaço físico e mental, dificuldades de concentração, sensação de incompetência, alterações frequentes de humor, falta de cuidados com as próprias necessidades, isolamento, apatia e desânimo.
Burnout também tem bastante relação com o próprio ambiente de trabalho, envolvendo metas, pressão, clima organizacional e outras características que afetam o estado emocional. A melhor forma de prevenção é ter metas realistas na empresa, evitar o excesso de trabalho e horas extras, trabalhar em melhorias no clima organizacional e oferecer uma estrutura adequada ao trabalho.
LER e DORT
As Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORTs) são dois problemas bastante comuns quando se trata de doença ocupacional e do trabalho. A principal diferença nesses casos é que a segunda sempre terá relação com o trabalho, enquanto a primeira pode ter causas externas.
Os principais sintomas são dor intensa em articulações e músculos, formigamento, tendinite, bursite e síndrome do Túnel do Carpo. As causas costumam se relacionar com a postura inadequada, movimentos repetitivos e esforços excessivos. Então, para evitar esses problemas e proteger o trabalhador, é importante adotar algumas medidas, como investir em ergonomia, fazer pausas regulares, incentivar a realização de exercícios e alongamentos e reavaliar as cargas de trabalho.
Transtornos auditivos são recorrentes
Perda de audição ou transtornos auditivos também são recorrentes quando se fala em doenças ocupacionais e do trabalho. As principais causas são a exposição a ruídos excessivos e/ou de maneira contínua.
A perda auditiva pode ser total ou parcial, de acordo com a exposição do trabalhador a ruídos e sua constância. Um dos grandes problemas, nesse caso, é que a perda auditiva ocorre lentamente e pode começar de forma imperceptível. Por isso, além do uso de EPIs, os trabalhadores devem passar por exames preventivos periódicos. Com esse acompanhamento, será mais provável que se consiga evitar um dano irreversível.
Fraturas no trabalho, campeãs em afastamentos
As fraturas estão no topo da lista das causas de afastamentos de trabalhadores. As mais frequentes são as fraturas de punho e mão, da perna, incluindo tornozelo, do pé, do antebraço e do ombro e do braço.
As fraturas estão associadas a quedas do trabalhador, por sobre-esforço ao erguer ou empurrar um objeto. Elas acontecem também com objetos ou peças que tenham caído ou saltado de máquinas em movimento, entre outros fatores.
A primeira e mais importante medida para a proteção dos trabalhadores contra lesões corporais que resultam em fraturas é a capacitação profissional. Esta é a chave para o trabalhador executar sua função com segurança e qualidade, além, é claro, de disponibilizar o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a fiscalização frequente para se certificar de que eles estejam usando o equipamento e da forma correta.
Males da coluna
Os problemas de coluna também estão entre os maiores motivos de afastamento no trabalho e pagamento de auxílio-doença. Eles também são responsáveis pela terceira causa de aposentadoria por invalidez.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 65% a 80% da população têm ou terá algum quadro clínico de dor lombar. Destes, 40% evoluem para um problema crônico. As mulheres são as mais atingidas pelas dores na coluna, que tendem a piorar com a progressão da idade.
Os problemas de coluna trazem prejuízos à empresa mesmo quando não há o afastamento. Afinal, eles podem gerar incapacidade funcional, absenteísmo e diminuição da produtividade. Para reduzir ou prevenir esses problemas, a ergonomia no trabalho é uma grande aliada. Fazer uma análise ergonômica e implementar boas práticas ajuda a minimizar os riscos à integridade física do trabalhador.
Contusão e esmagamento
Na rotina de trabalho, a maior parte das atividades envolve o uso e manuseio de máquinas e equipamentos. E, por falta de conhecimento e despreparo do trabalhador, acontecem muitos acidentes envolvendo contusão e esmagamento de membros.
A contusão acontece com o impacto de algum objeto contra nosso corpo ou quando nosso corpo se choca contra um anteparo sem lesões estruturais aos ossos, articulações e pele. Popularmente, é conhecido como uma “pancada”. Já o esmagamento é um tipo de acidente em que o corpo de uma pessoa é total ou parcialmente sujeito a uma forte pressão que quebra os ossos e esmaga os órgãos ou membros.
Engrenagens, rolos e outras peças de máquinas pesadas podem prender os trabalhadores e causar uma variedade de lesões por rasgamento e esmagamento. No pior dos casos, o trabalhador pode perder um membro ou morrer devido aos ferimentos. Normalmente, roupas largas, sapatos, joias, dedos ou cabelos soltos que ficam presos em máquinas causam esse tipo de acidente.
A forma mais eficiente para evitar esse tipo de acidente é fazer uso do equipamento adequado para cada função, capacitar o trabalhador e fiscalizar o uso dos equipamentos de proteção individual.
Choques elétricos
Esse tipo de acidente é muito comum em serviços de manutenção em indústrias de qualquer segmento, construção civil, entre outros, mas não se limita a colaboradores que trabalham especificamente com rede elétrica.
O contato com fios desencapados, fontes não isoladas e a entrada indevida em locais de alta tensão são os principais causadores de choques.
Os choques podem causar queimaduras, tontura, contração muscular, perda de sentido, formigamento e até mesmo a morte dependendo do tempo de exposição e da intensidade da corrente elétrica.
A forma mais eficiente de se proteger contra acidentes desta natureza é a prevenção. A NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade estabelece os requisitos e condições mínimas para implementação de medidas de controle e sistemas preventivos que garantem a segurança e integridade física dos colaboradores que exerçam tarefas em instalações elétricas e serviços com eletricidade.
Varizes, uma doença ocupacional
As varizes são a principal manifestação da enfermidade hoje chamada de Doença Venosa Crônica (DVC). Afeta predominantemente as mulheres, mas um quarto dos doentes são homens. Existe o fator genético, determinante no aparecimento da doença, mas a influência de fatores ambientais no desenvolvimento e agravamento dos sintomas tem a ver com outros fatores extras.
As pessoas que trabalham em pé ou sentados muitas horas também tem maior risco de apresentar a DVC, assim como obesos e mulheres que tiveram mais de três gestações. É doença muito comum que atinge aproximadamente 30% da população adulta.
Os sintomas demoram aproximadamente cinco anos para aparecer. Após o aparecimento das varizes e, após 20 anos de doença sem tratamento, surgem as feridas crônicas de perna.
Para evitar que as varizes se formem, é preciso adotar hábitos de vida saudáveis, sobretudo para o correto funcionamento da circulação sanguínea como praticar atividades físicas regularmente, faça pequenas caminhadas no trabalho, eleve as pernas por alguns minutos, controle o peso corporal e use meias elásticas.
Doenças ocupacionais e do trabalho, saúde e segurança do trabalhador
Para todos os problemas relacionados às doenças ocupacionais e do trabalho o melhor remédio é a prevenção. Por isso, os cuidados começam pelos processos informativos, treinamentos e condições adequadas para a realização das atividades, além do uso de equipamentos de proteção individual.
A importância da prevenção de doenças ocupacionais e do trabalho em negócios de qualquer porte diz respeito à saúde e ao bem-estar dos seus trabalhadores. As doenças ocupacionais e do trabalho causam insatisfação e prejudicam o engajamento dos trabalhadores, afetando o seu desempenho.
Uma gestão de pessoas mais humana traz benefícios a empregadores e a seus profissionais, promovendo um ambiente acolhedor, seguro e que ajuda a atrair os melhores talentos. Ainda diminui os índices de afastamento, gastos extras e prejuízos aos trabalhadores e aos negócios.
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